Mais uma vez a criança em mim se exterioriza, livre de preocupações com rima, métrica ou gramática e escreve estes versos!...
Na areia da praia,
eu estava a escrever.
Em forma de raia,
alguém tentou ler.
Eu lhe disse: Saia
do mar para ver!
Ela falou: caia
na água, sem morrer!
A gente desmaia!
Me pus a dizer,
e ela, sem vaia:
venha! Pode crer!
Eu obedeci,
sem nada falar
e na água cai,
sem saber nadar.
Com ela desci
ao fundo do mar.
Mil peixinhos vi,
suspensos no ar.
Feliz me senti,
não quis mais voltar
e a ela pedi:
deixa-me ficar!
Ela não deixou!
Levou-me pra areia.
Sorrindo falou:
A gente semeia
o amor que te dou.
Deus me presenteia
o vigor que sou,
vigor de baleia.
Se escuro ficou
a gente clareia...
Depois se afastou
pro mar, sua aldeia.
Enquanto eu chorava,
tristeza sentia,
o vento soprava,
a mata gemia,
a folha voava,
no ar se perdia,
a onda quebrava,
na praia batia,
o céu se fechava,
depois se abria,
e eu esperava
pra ver quem surgia.
Naquele momento
o céu foi se abrindo...
como em pensamento,
um rosto surgindo.
Todo o firmamento
tornou-se tão lindo,
que meu sofrimento
foi logo sumindo.
De contentamento
eu a vi sorrindo
e seu sentimento
foi me seduzindo...
Eu desconfiei
que ela fosse um mito
e me aproximei
deste ser bendito.
Depois o toquei,
não fiquei aflito.
Surpreso gritei,
não ouvi meu grito.
Seu olhar fitei;
como era bonito!
Com ela explorei
o Espaço infinito.
Lembro, ela pedia:
Escreva pra mim!
E eu escrevia
na areia, assim:
Não deixe que um dia
eu seja ruim!
E ela sorria,
dizendo-me: Sim,
serei o seu guia
nesse mundo caim
e sua poesia
não mais terá fim!
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