Se ainda não somos o que gostaríamos de ser, é porque continuamos a regar aquele antigo plantio, acomodados com a afirmativa de que não podemos mudar o nosso carma, esquecidos de que carma, em sânscrito “karman”, significa ação e toda ação pode ser modificada através de uma outra contrária que, primeiro elimina a anterior, para depois produzir reações que, se alimentada, produzem a reforma íntima, como bem mostra o poeta:
As flores lindas do jardim de inverno,
não resistiram ao fogo do inferno,
dos pensamentos negativos meus.
Onde outrora era o meu jardim aberto,
se transformou num terrível deserto,
fechado às águas das chuvas de Deus.
E meu deserto interior vi crescendo,
folha por folha desaparecendo...
Sol inclemente, incidindo na areia,
ia meus pés, sem piedade, queimando,
uma revolta em mim foi se instalando,
fazendo o sangue me ferver na veia.
Fiquei vazio a contemplar de perto,
Sol escaldante, arenoso deserto,
Sem um resquício de vegetação...
Então senti fome, sede, canseira...
A luz solar me causou a cegueira,
que me fez ver o nada, a escuridão.
Então não sei dizer se adormeci,
se desmaiei, ou mesmo se morri,
como não sei se vivi ou sonhei.
Foi muito estranho o que ocorreu comigo!
Pois vi em sonho meu jardim antigo
e num deserto de dor acordei.
Ao relembrar tudo o que vivenciei,
arrependido e sozinho chorei,
ao contemplar a minha obra, o deserto.
E assim, sofrendo externa interferência,
ouvi a voz da minha consciência,
a indicar pra mim o rumo certo:
“Se cultivares o bom sentimento,
promoverás o reflorestamento
dentro da mente, amigo, podes crer!
No teu deserto, ou seja, esse terreno,
semeia amor e vê como o sereno
do suor... da lágrima... o fará crescer.
A árvore é tudo o que está na semente!
Tua vida é tudo o que está na tua mente,
mas só teu esforço é que fará brotar
a flor sublime que é o bom sentimento!
Aproveitemos, pois, cada momento!
Plantemos! Deus há de nos ajudar!”
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