sábado, 17 de março de 2007

O LIMIAR DA AUTOLIBERTAÇÃO

                                                                                              
 Enquanto o Sol ilumina e aquece a paisagem exuberante da minha pátria, o poeta se deixa extasiar pelo mágico panorama do mar a sussurrar na areia da praia, a sublime canção das ondas.
Somente o poeta foi capaz de relatar o que aconteceu quando...

Sentado numa pedra à beira- mar
eu escutava o doce marulhar,
som majestoso do mar no rochedo.
Mais parecia canção de ninar
que, mansamente, me fez despertar
num extra-físico mundo, sem medo.

Assim me vi; nesse mesmo lugar,
em dimensão estranha a vislumbrar
a mesma praia, mas, enriquecida
por luz soberba, de um branco sem par,
vinda de vários pontos a clarear
a praia, a pedra, o mar, enfim: A vida.

Jovens, em corpos semi-transparentes,
mas, irradiando alegria, envolventes,
cada um trazendo consigo um violão,
entoaram cantos de um modo tão lindo,
que o som das ondas na rocha, indo e vindo,
um contracanto emprestava à canção.

Aquelas vozes, em coro Divino,
se confundiam, interpretando um hino,
louvando a vida rica e dadivosa.
Mais parecia o vento nas montanhas,
tornando aquelas árvores risonhas
e acariciando a pétala da rosa.

Um desses seres dirigiu-se a mim.
Sorrindo olhou-me e então, falou-me assim:
-"Gostamos muito de ti, meu irmão!
Falta bem pouco para reencarnarmos.
só vejo a hora de nos reencontrarmos,
todos unidos, numa só missão!

Quando estiveres no fim dos teus dias
verás quem somos pelas alegrias
que sentirás, ouvindo nossas vozes,
pois serão ecos de um bom proceder
que o mundo não quer ouvir, nem quer ver,
para fugir de remorsos atrozes".

Dito isto, aos poucos foi se esvanecendo
com seus amigos, desaparecendo...
e eu vi surgir em torno a escuridão,
embora em pleno sol de meio dia,
pois o clarão que em tais seres eu via,
ultrapassava até o sol de verão.

Voltei aos poucos a escutar o mar.
Readaptei-me à fraca luz solar,
até tornar a me sentir sentado
na mesma pedra, no mesmo lugar,
vendo e ouvindo o doce marulhar,
na dimensão deste mundo acanhado.

Muito intrigado pus-me a meditar
e, meditando, a mim mesmo indagar:
"Quando será esse fim dos meus dias?"
Somente agora, após mais de trinta anos
de decepções, lágrimas, desenganos,
revejo jovens tão "cabeças frias".

Eu me pergunto: "Não me sinto à morte,
pelo contrario, me sinto mais forte.
Que fim dos dias é esse, Meu Deus?
Dentro de mim a voz falou-me: Amigo,
tú não entendes se falo contigo?
É o fim dos dias, desditosos, teus!

Pois, desde que conheceste a verdade,
estás a um passo de tua liberdade!
Os dolorosos dias de aflição
e ignorância em tuas vidas passadas,
estão com todas as horas contadas.
É O LIMIAR DA AUTO LIBERTAÇÃO!"

Um comentário:

Carla Luz disse...

A poesia toda é linda, mas o que eu mais gostei foi " escutava o doce marulhar...". Adorei a palavra marulhar!
Beijos